domingo, 21 de dezembro de 2008

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HARMONIAS PERVERTIDAS
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Insegurança do meu tempo e de largos tempos mais.
O sentimento seguro,inocente, ausente de interesse simplesmente não existia.O "negócio", se assim lhe quisermos chamar, expandia-se a cada passo de uma caminhada.
Mas eu acreditei! Acreditei porque era o meu tempo de o fazer, acreditei porque era possível e porque havia vontade.
Apareceste para cantares comigo nas ruas em noites bebidas,apareceste para seres o fado que verdadeiramente nunca existiu. Mas foste tu, que devolveste à vontade a esperança, e resgataste do meu corpo a certeza.
A distância fez-nos perceber que faziamos falta um ao outro.E ela confessou-me que estava mesmo a sentir algo por mim.
Cheguei de novo,ao final da tarde à terra prometida, e anseava voltar a ter-te junto de mim. Marcámos um encontro. Dez e meia em minha casa,tinhamos um filme para ver, e muitos abraços para trocar.
Porém, foste actriz de harmonias pervertidas por um suspiro, ou por tantos outros mais. Foste a encarnação da personagem que sempre quis ter.
Depois de tantas palavras trocadas, um beijo correspondido desencadeou uma noite intensa e inesquecível, até ao dia seguinte pelo menos.Fui à varanda nessa noite quente - em tronco nu - depois de teres partido. Sorri ao pensar que finalmente estava seguro do que estava a fazer, era a ti que eu queria.
Quando sentia a segurança no que cá dentro bate eternamente, acordo com uma mensagem a dizer, que não estás preparada para avançar, e que precisava de tempo.
A segurança fez-me acreditar que o tempo resolveria, e dei-lhe todo o tempo do mundo.Mas a resposta de lábios cerrados foi o afastamento.
Como dizia, a insegurança era do meu tempo e de largos tempos mais...


João Filipe Marques
@expoentedaloucura
21/12/2008

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

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SEGUI
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Segui, por entre rasgos de mensagens fúteis, pérfidas palavras sem sentido, recheadas de enganos e mentiras.Mas tentei em mais um anunciado engano traduzir o coração em palavras, como quem traduz a alma em fado.
Vasculhei a saudade do dito sentimento e arrisquei a minha sorte numa mensagem curta mas sentida!
Procurei, e eis que no fundo das escadas encontro um sorriso.Estendo-te a mão como quem grita pelo teu beijo.
Guardo o desejo nos olhos, e a alma na voz e sigo no escuro de mais uma madrugada, de alegria cansada e de razão esgotada.
Segui, com a réstia de esperança que o sentimento deposita em mim, investindo tudo no que contigo vivi.Assim, continuei preso entre o sono e o sonho, e ficámos a sós com a noite, de corpos afastados, e de olhares infindavelmente trocados.
Até que a lua deitou a luz em nós, e te sentaste no meu regaço, preenchendo todo aquele incomensurável espaço, que o passado retirou de mim.
E as nossas bocas, ocupadas por aquela insegurança típica de quem se beija pela primeira vez, caminharam leve e subitamente para um final interrompido por um vulto que se avista.

Mas a vontade e o desejo multiplicaram-se, e a mensagem passou a fazer sentido, e todo aquele mistério do eterno coração pareceu tão simples, tudo tem razão agora.Até todo aquele poema antigo, de palavras imaginadas parece premonição de um futuro mais que perfeito.Tudo faz sentido, porque o meu sentido és tu, e eu?só não sei que sentimento é este...

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

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SEI DA SAUDADE
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Sei de um choro, que nasceu na minha sede,que cresceu na tua ausência e escorregou na saudade.Esse choro caiu. Transparente como a tua presença, na crescente eloquência da tristeza que precede a irreverência da lembrança do nosso último beijo.Choro onde a própria lágrima tem o sabor da vergonha. Sei de um choro, leve, intenso e quente, um choro tão desesperadamente meu.Triste sorte,arguida do drama, que me envolve sempre neste trama insano que é viver na tua alma despida.Mas a culpa é da vontade, porque se eu tiver que correr, não vai ser o vento que me vai travar, e se eu tiver que me libertar, não vai ser a tua prisão que me vai prender!Por isso meu amor, entrega-me os teus lábios e não tenhas ciúmes da saudade que trago, porque esse será um travo amargo que eu vou sempre ter.Deixa-o pra mim, e abraça-te ao sabor da liberdade, à inexorável vontade, e à incontestável verdade que é saberes que o sonho continua!
Sei de um segredo falado nas ruas, de uma canção,de um poema e de uma revolução.Sei de tudo, e só não te entendo a ti!
Por isso volta!Vem ser minha e eu serei teu!Vem amar-me, que eu amar-te-ei!Vem porque o amor não se pede nem se exige.Sente-se e dá-se!
Por isso já me perdi do teu nome,já escrevi o desejo,até já me despedi da incomensurável saudade.Hoje, podes-me chamar por uma ultima vez...TEU!E eu não sei se é o fim que me vem buscar ou se é a alma que me vai levar, só sei que mal parta a saudade, é o futuro que parte!

Por isso, quero e vou sentir saudade, amargurado na treva, reflexo da vida e longe da morte.

sexta-feira, 28 de março de 2008

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A SAUDADE JAZ
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Nasci pra viver,para poder e não querer,para sofrer pela lonjura do nosso afastamento.Pra ser um coração errante,tão grande e tantas vezes amante e tão míseras vezes amado.Nasci para ser a lufada de ar de Norte, para mover-te o destino e mudar-te a sorte.
Substituamos o metaforismo,deixemos de parte os salutares pensamentos melancólicos, vivamos em lugar de pensar, e cantemos em vez de chorar."Pensar incomoda como andar à chuva", mas o facto é que há quem adore andar à chuva.Só Penso e rezo pelos outros,só choro e guerreio pelos outros.Sobrevivo porque há sempre alguém que também pensa,reza, chora e guerreia por mim. E o que era eterno acabou connosco,e a saudade jaz onde o fado jamais se desfaz.Ai coração. Autoritário, salutar, Oh meu coração, meu ser alífero ferido na asa.

quinta-feira, 27 de março de 2008

Mediocre.

A eloquência do meu gesto é o beijo que nos escapa, a mensagem que faltava, a resposta esperada na afã do agora vulgo sentimento.
O gesto precede as palavras, e as palavras precedem o silêncio de um beijo discreto numa loucura que desmaia à medida que a razão lhe dá sentido.
O gesto exige o ritual, o sim ou o talvez não.A ansiedade cede à presunção, naquela pausa, de quem não sabe como dizer não, ou de quem pensa no talvez e teima em dizer sim.
Talvez um misto de pena e de raiva, talvez até por mediocridade minha, por hesitação ou insegurança não me aproximei de ti o quanto devia, nem te disse o que sentia.
O extremismo da minha política é o reflexo incoerente da pacatez que preciso e a indecisão do teu talvez, não é mais do que a prorrogação do mais que evidente desmoronar da idealizada e falaciosa noção de paz pessoal.
A minha sedição é o respeito pela facção com que me identifico, fixo o ponto, olho, penso muito e às vezes não.E olho só pelo prazer de observar sem pensar em mais nada.
Ouço aquele "soul", aquela voz negra,aquele piano desfalecente, a mensagem de acalmia que precede a tempestade, fecho os olhos, deixo as mãos fluírem e escrevo ao ritmo da minha vida: ora calma demais, ora vivida demasiado intensamente.
Quando me decido a procurar-te deparo-me com aquela pérfida sensação, aquela imundície em que te tornaste, o corpo vendido e a alma despida, ou devo antes dizer ao contrário?!

domingo, 16 de março de 2008

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ANDA MENINA
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Nunca a tinha visto, JURO QUE NÃO!Mas talvez nem a volte a ver.
Do alto da sua elegância lá vinha ela caminhando em passos de cidade,sob o olhar atento de um rapaz que estava sentado de mãos no queixo, pernas cruzadas e ar aborrecido.De cabeça firme, somente os olhos a seguiam, apenas interrompido pelo tempo a suspirar.O cabelo liso parecia deslizar em sopros de vento, os olhos ligeiramente arrebitados nas pontas realçavam a íris mais clara que ele já havia visto.
Quando passa por ele,abranda, e sente-lhe o perfume.Sente-lhe o charme.Desvia o seu olhar envergonhado, e lá estava ela,a sorrir sentada do seu lado e a dar-lhe os bons dias com um poema que nunca mais se esqueceu.Cantava assim "Anda Menina,vem ver o mundo, tão mais pequeno que o meu amor por ti.Vá,anda menina, mergulha bem fundo, na morte assistida da vida que eu vivi.E se cada gesto teu for uma lágrima no teu rosto é porque cada sonho meu é um poema a teu gosto.Ninguém ensina o amor ou o silêncio, quando houver espaço eles vão morar em ti.O medo dizima e aquilo que eu penso enrola-se em ventos que hão-de uivar por aí." Mas numa voz tão doce que a timidez se evaporou e voltou a cara, e daquela boca habitualmente calada surgiu uma resposta à altura.Ainda que atarantado por entre sirenes de cidade, holofotes, fama e glamour estendeu-lhe a mão e disse: "Anda menina!".
Ela receou,mas deu-lhe a mão e foi.Ele seguia para junto da ria e aos poucos aquela polifonia ensurdecedora desmaiava.O único som que os perseguia era o "toc toc" dos saltos dela.Ela perguntava:"Para onde me levas?O que vais fazer?", mas recusava-se a voltar para trás porque a curiosidade a seduzia.
Correu naquele deserto ataráxico, e enquanto ela molhava os pés na água tépida, o coração dele explodia em cada batimento.Havia chegado o dia, a pessoa e o momento que tanto tinha procurado.Trouxe a viola que tinha escondida, sentou-se sem ela dar por isso e soou aquela canção, aqueles blues que ele tinha aprendido com o seu pai.Era definitivamente a canção da sua vida.O cenário ajudava, o céu em forma de fogo fazia prever um momento perfeito. E eis que chega o fim da canção e ela canta apenas o refrão bem no seu ouvido...
O rapaz era eu!A menina?É a que eu procuro...
 

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